Sai de Baixo foi uma sitcom brasileira criada por Luis Gustavo e Daniel Filho, exibida nas noites de domingo pela Rede Globo entre 31 de março de 1996 e 31 de março de 2002.
Com episódios escritos por Miguel Falabella, Rosana Hermann, Maria Carmem Barbosa e Euclydes Marinho, entre outros roteiristas, o programa foi um sucesso de crítica e audiência, mas, apesar de conquistar um público fiel, foi cancelado em 2001 pela Globo, que decidiu investir no então crescente mercado de reality shows.
A partir de maio de 2010, passou a ser reprisado pelo canal a cabo Viva.
Sai de Baixo fez muito sucesso em seu início por se diferenciar dos demais humorísticos em exibição no Brasil. O formato do programa era diferente também das sitcoms norte-americanas, no sentido de que era bastante informal; por ser gravado em um teatro de São Paulo, o Procópio Ferreira, estimulava assim a interação com o público. Os atores frequentemente interagiam com a platéia, esqueciam as falas ou riam de situações que estavam interpretando. Cada episódio era gravado duas vezes, e na edição do humorístico eram misturadas as melhores imagens de cada gravação. Muitos dos erros eram editados e não apareciam no final, mas se fosse uma situação que desse graça à história, poderia ir ao ar daquela forma.
Luis Gustavo (Vavá) encarnava um chefe de família desastrado, Miguel Falabella (Caco Antibes) um genro vagabundo, Marisa Orth (Magda) o estereótipo da mulher fútil e mal-casada, Aracy Balabanian (Cassandra), mãe de Magda, uma ex-grã-fina que não deixou para trás seu antigo estilo de vida, Claudia Jimenez (Edileuza) a empregada doméstica folgada e desbocada e Tom Cavalcante (Ribamar) porteiro do prédio que se aproveita de seu chefe, o síndico Vavá.[4]
O palco era a sala de estar de um apartamento, no qual havia um sofá, uma mesa próxima à cozinha, uma vista da região central de São Paulo, e portas que davam para fora ou para os quartos. Da sala de estar, os personagens poderiam sair por portas e passagens, supostamente para o corredor do prédio, o banheiro, a cozinha, e um hall para os quartos (o de Vavá, o de cassandra e o de Caco e Magda), sendo que esses lugares nunca eram mostrados. Em 1997, a cozinha começou a aparecer no cenário, porém no ano seguinte deixou de ser mostrada. Em 2000, oito episódios foram filmados num café ficcional chamado Arouche's Place, mas a mudança não foi bem aceita pela audiência, sete episódios foram ao ar (apenas um ficou engavetado) e, logo depois, o cenário voltou a ser o apartamento.
No final de cada episódio as cortinas do palco se fechavam, como numa peça de teatro. Elas então abriam de novo, quando o elenco poderia ser ovacionado pela platéia.
Apenas um episódio foi apresentado ao vivo, Toma que o Filme é Teu, em 1998. Como não havia maneira de editar erros, os atores tentaram improvisar ao mínimo, evitando também usar palavras chulas. Foi tratado como um evento de gala pela emissora, que convidou uma audiência VIP para o show.
Em 2001, a Rede Globo decidiu encerrar a produção de Sai de Baixo, por considerar sua fórmula repetitiva e desgastada. Para tristeza de parte do elenco, em especial seu idealizador, Luis Gustavo, o último episódio do humorístico foi gravado em 18 de dezembro de 2001 e exibido em março do ano seguinte.
O programa foi idealizado no começo da década de 1990 por Luis Gustavo e Daniel Filho, que tinha a ideia de fazer um humorístico gravado em um teatro com platéia, em formato parecido com o de Família Trapo. Com o nome inicial de Amigos, Amigos, o roteiro foi oferecido ao SBT, que rejeitou o programa. Foi posteriormente aceite pela Rede Globo, que lhe deu a difícil tarefa de ganhar do Topa Tudo por Dinheiro, programa comandado por Sílvio Santos, no SBT exibido no mesmo horário que viria a ser ocupado pelo Sai de Baixo - nos domingos às 22:00 da noite, após o Fantástico.
Na sua estreia, o programa conseguiu chegar a 26 pontos de audiência, empatando com o SBT. A audiência só fez crescer com o decorrer da temporada, que retomou o primeiro lugar para a Rede Globo.
No segundo ano, com a saída de Cláudia Jimenez e a estreia fracassada da atriz Ilana Kaplan, que saiu após apenas quatro semanas, o programa perdeu um pouco seu público, mas continuava bem. A volta ao auge aconteceria na estreia da terceira temporada, com o episódio Toma que o Filme é Teu, transmitido ao vivo. Neste dia, a Rede Globo cravou uma média de 40 pontos na medição do Ibope, com picos de 45. Posteriormente foi revelado que Gimenez deixou o programa devido a brigas com dois diretores e roteiristas do programa, que frequentemente encaixavam nos textos piadas sobre seu peso.
Outros conflitos ajudaram a desfalcar ainda mais o elenco; após desentendimentos com o restante do elenco e seu diretor Denis Carvalho, em maio de 1999 Tom Cavalcante pediu a Marluce Dias da Silva, então diretora-geral da Globo, uma licença de um mês do Sai de Baixo para se dedicar à produção do piloto de um programa que seria estrelado por ele. Marluce aceitou, mas antes da data prevista, ao final de uma gravação da quarta temporada de Sai de Baixo, Tom surpreendeu a platéia e os colegas fazendo um discurso de despedida. Como consequência ele foi suspenso do elenco, e mais tarde afastado definitivamente do humorístico.
A saída de Tom a princípio não afetou a audiência do Sai de Baixo, mas em 2000 foi noticiado que, devido a sucessivas derrotas no Ibope para o SBT, a quinta temporada seria a última do programa. Nesse ano, estreou na grade global o reality show No Limite, que começou a ser exibido antes do Sai de Baixo. O programa foi conquistando médias razoáveis, com picos de até 50 pontos de audiência. Isso ajudou o Sai de Baixo a recuperar sua própria, que aumentou de 20, no início do ano, a 29, com a ajuda de No Limite. Quando o reality terminou, a média caiu para 24 pontos, o suficiente para evitar o cancelamento da série.
Em 1999, mais um personagem entrou em cena: Caquinho, o filho de Caco e Magda, interpretado pelo garoto Lucas Hornos. Na temporada do ano 2000, entraram para o elenco Ary Fontoura e Luís Carlos Tourinho, quando a família decide abrir um restaurante, o Arouche's Place. O cenário então deixou de ser o apartamento de Vavá e transformou-se no bar. Mas a nova ambientação não foi muito bem aceita, e o apartamento retornou. Ary Fontoura deixou o elenco do programa em 2001. Sobre a mudança de cenário do programa, Daniel Filho comentou: "Também disseram que Sai de Baixo não daria certo, nem tecnicamente, nem junto ao público, e que nada mais era do que uma chanchada boba. Foi um sucesso imediato. No quinto ano do programa, com elenco desfalcado, resolvemos mudar o cenário e o ambiente. Achávamos que renovaria, daria o fôlego necessário. Fizemos as primeiras gravações. Nas duas, o questionário respondeu positivamente. Mais de 80% achavam o programa melhor. Mas, quando foi ao ar, foi rejeitado. Ao vivo era uma coisa, em casa, outra".
Na sexta temporada, Sai de Baixo voltou a sofrer com a queda de audiência e as mudanças frequentes de horário. Com isso, o programa foi retirado do ar para dar lugar à nova temporada de No Limite. A sétima temporada estreou no dia de Natal, às 0h30, competindo com o fenômeno Casa dos Artistas, com média de apenas 12 pontos, que aumentou à medida que a temporada passava.
O programa terminou com 244 episódios, mas alguns não foram ao ar e ficaram engavetados, como os do Arouche's Place; devido ao fracasso do formato, os personagens voltaram para o apartamento e episódios já gravados não foram apresentados. O fim do programa gerou um protesto organizado por alguns fãs, que fizeram abaixo-assinados e até um site na Internet, mas o último episódio acabou sendo exibido em 31 de março de 2002, depois da semifinal do Big Brother Brasil 1, exatamente seis anos depois de seu início, com média de 19 pontos, contra apenas 5 do SBT.
Nenhum comentário:
Postar um comentário